segunda-feira, 22 de novembro de 2010

R & J

    Julieta gostava de Romeu, Romeu era um cafajeste. Julieta tinha o mundo aos seus pés, mas nada mais importava quando Romeu aparecia, apesar de sempre pensar "como sou estúpida" e nunca se arrepender. Quando estavam separados, agiam como dois estranhos; não demonstravam saudades ou quaisquer sentimentos e quando Romeu partia, Julieta ficava sob um efeito diferente do que jamais sentira e como mágica, o efeito exercido ia desaparecendo aos poucos.
    Julieta jurava odiar Romeu. Odiava seus modos, sua voz, sua estupidez, mas amava seu nariz e seus abraços. Romeu era um ogro, mas se transformava em príncipe ao beijar Julieta, e era isso que a prendia a ele; quando estavam juntos tudo era mais bonito, mais doce. Romeu não era o cara perfeito ou o protótipo de príncipe que Julieta tinha em mente, mas secretamente ele era o que ela mais desejava.
    Quando se viam, havia toda uma atmosfera que fazia com que cada encontro fosse marcante e intenso.  Juntos eram invencíveis, sozinhos eram perfeitos, unidos eram eternos. Por mais que Romeu tivesse uma empáfia sem tamanho, Julieta sabia reconhecer ternura em seu rosto, em seus gestos, em seus beijos. Nada mais importava e o mundo se transformava quando se abraçavam, eles se tornavam um só, se tornavam um do outro, não havia mais nada.
    Romeu era estúpido. Tinha Julieta nas mãos e mesmo assim insistia em terminar com o encanto meia noite. Julieta sabia que tinha que aproveitar Romeu ao máximo, já que ao partir, deixaria para trás toda aquela atmosfera criada para si e que retornaria a sua vida normal, Romeu voltaria a ser um estranho e aos poucos aquela noite se tornaria apenas uma lembrança terna. Julieta vivia cada noite intensamente, cada sensação, cada gosto, cada hora, cada toque, já que a única certeza que tinha era a de que Romeu partiria ao badalar do sino. E já havia acostumado com isso.
     Julieta perdia o controle quando estava nos braços de Romeu. O que tinham era único, mas incerto. Mas era assim e sem possibilidade de modificação. Era assim que tinha que ser. Se fosse diferente, seria tão especial? Cada um tem uma cruz a carregar, tem uma história imutável, tem alguém que mexe com as estruturas. Romeu era o cara errado, era imperfeito, mas perfeito para ela. E por mais que não fosse constante nem aparentemente correto, era verdadeiro.


"Quero um pouco mais, não tudo, pra gente não perder a graça no escuro... No fundo, pode ser até pouquinho, sendo só pra mim, sim..."

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