sexta-feira, 6 de abril de 2012

O que meu pai falou pra mim

   Sabe, eu vou esperar que o tempo passe. Que a vida mude, que a paciência faça efeito, que os dias corridos virem passado e esperar pelo futuro. Esperar pelo que possa vir, pelo que possa ficar pra trás e viver o presente, mesmo que 'um dia após o outro' não seja pra mim. Eu tenho uma certa urgência de tudo, de todos, do algo a mais, de surpresas, do pra sempre, mesmo que o "pra sempre" acabe.
   De todos os conselhos que me deram, eu não segui nenhum. Parto do princípio "eu me viro sozinha", como se ninguém enxergasse as coisas da forma que enxergo. E realmente, ninguém as enxerga como eu, mas (in)felizmente não me passa pela cabeça que eu esteja com a visão defasada. De tanto me fazer de cega, surda e muda pra certas coisas, me fiz refém do comodismo, "tá bom assim", mesmo que eu queira muito mais além do que me é oferecido. Mas esquece isso por enquanto.
   Foge, menina. Corre daqui enquanto é cedo. Siga por outro caminho que esse não dá futuro, esquece o que passou e vida que segue! Mas como, se todos os caminhos sempre me fazem voltar ao ponto de partida? Como desviar de rota se os ventos sopram a favor, o destino age contra e a gente rema conforme a maré? Como lutar contra nós mesmos, contra nossas vontades confusas, carências específicas e um passado que diz muito, mesmo calado pelo presente? Como desapegar depois de tanto tempo, de tanta história, de tantos sorrisos que só nós sabemos o porquê de terem sido abertos? Vai saber.
   Como uma linha que jamais arrebenta, meu destino foi costurado no teu. Ao longo do tempo a linha foi arrebentando, mas existe um ponto que se transformou num nó que não se desfaz. Ora alarga e nos afastamos, ora aproxima, nos deixando tontos de tão perto. E existe objeto mais cortante que a distância? Se conhecer, me diga, porque nem isso conseguiu nos separar. E eu que já tentei tanto desvencilhar meu destino do teu...
   Mas não tento mais, eu não espero mais. Nada. A cura pra tudo é não se preocupar, quem complica o mundo é a gente mesmo, amor, não é? Então deixo que as águas me levem, talvez  paciência não seja o suficiente, talvez o tempo não seja o remédio, mas talvez o amor seja a cura. E que finalmente sejamos curados de nós mesmos. Talvez nos desvencilhemos, talvez nos unamos mais, quem há de saber? Mas tomara que o universo cante a nosso favor, de preferência aquela canção que diz assim: Foi tão lindo você chegar...

E que dessa vez seja pra ficar.