sexta-feira, 20 de maio de 2011

Cabe em três vidas inteiras

    Tão ausente de tudo e em todos, o amor parecia irradiar daquele casal. Ela sorria apaixonada, ele a tomava em seus braços e entre tantos casais insatisfeitos e sem luz, eles brilhavam como dois sóis. Na verdade, eram como Sol e Lua, tão diferentes e tão iguais, tão completos e tão carentes, tão perfeitos em suas imperfeições. Perderam lutas mas jamais desistiram da batalha, cresceram e se fortaleceram juntos, ele era a coroa e ela a rainha, ele o guerreiro e ela o escudo, aonde um fraquejava, o outro era irredutível, juntos eram uma rocha. Eram fortes, firmes, era um amor consistente, resistente, duradouro e bonito.
   Ela o amava mais que tudo. Era evidente em seu olhar, em seus gestos, em sua voz. Suas feições mudavam ao falar daquele homem, ele fora sua vida, o dono da sua juventude, do seu mais pleno amor. Ele também a amava. De um jeito tímido, sem jeito e confuso. Não era bom com sentimentos, gostaria de expressar-se de outra forma, aliás, gostaria de expressar-se, mas não sabia como. Tentava, nas pequenas coisas e nos pequenos gestos tortos provar quem era a dona de seu coração.
   Tudo que é forte enfraquece, muitas vezes uma rocha desgasta. A força já não parecia tamanha, os anos se passaram e aquele brilho ofuscou-se um pouco, afinal, vida é vida, obrigações são obrigações. Aquele amor, antes tão bonito, possuía sua beleza original, mas estava rebaixado a segundo plano. Amor não deveria ser segundo plano, não deveria ser objeto jogado na gaveta, deveria ser essência, combustível, redenção. Entrega, força, objetivo e motivação.
   Utopias à parte, o bem e o amor são capazes de superar tudo. Quando se ama, se demonstra, se sente, se entrega. Quando existe amor, você é capaz de mudar, de se adequar, de se encaixar e aceitar o outro como ele é. Quando existe amor, pode-se alçar vôos mais altos, porque sabe-se que há alguém te amparando caso haja queda. E quando é um amor forte, maduro, ele pode ser a cura para todas as feridas, basta saber como remediar.
   Apesar de tudo, apesar da vida, o amor era o mesmo. A aparência mudara, mas a essência permanecia intacta. O Sol e a Lua só deveriam aprender como encontrar-se novamente, num eclipse que fosse, e deveriam aprender a brilhar de forma singular, sem nunca esquecer daquela união. O amor ainda existe, basta saber como prosseguir... juntos. E transformar tanta oposição, tanta diferença, em benefícios para que o amor se perpetuasse, por que força e futuro, ele tem.


"'Não, não é o fim, dure o tempo que você gostar de mim, entre o não e o sim, só me deixe quando o lado bom for menor do que o ruim..."

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